Já a
presidente da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva, Heloisa Guarita,
adverte que o grande problema da autosuplementação é que nem sempre o usuário
conhece seu funcionamento e, principalmente, seus componentes. A fotógrafa
Mylena Perdomo quase caiu nessa. Em busca de emagrecimento rápido, seguiu a
indicação de uma amiga e optou por tomar um termogênico, que altera a
temperatura do corpo visando intensificar a queima de gordura. Ao checar o
rótulo do suplemento, entretanto, viu que entre os componentes estava um
medicamento que ela já tomava para regular a tireoide. “Liguei para um parente
que é médico e ele me orientou para que eu não tomasse o remédio, pois poderia
desregular a produção natural do hormônio, que já é deficiente no meu corpo. Ao
mesmo tempo, o suplemento não podia substituir o meu remédio, que possui outros
componentes para o controle da tireoide”, conta.
“É
comum suplementos da classe dos termogênicos conterem hormônios para controlar
a tireoide, uma vez que alterações nessa glândula provocam, em última instância,
mudanças no peso. Mas seu uso inadequado pode futuramente descontrolar a
produção natural e trazer problemas que antes eram inexistentes”, explica
Guarita. O termogênico em questão era o Lipo Black 6, que recentemente foi
incluído na lista de produtos proibidos pela Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária), junto com o também termogênico OxyElite e o pré-treino
Jack 3D.
Pré-treino,
aliás, foi um dos suplementos experimentados por William. Esse tipo de produto
funciona como um vasodilatador que facilita a passagem de oxigênio e nutrientes
pelos vasos sanguíneos, fazendo com que eles alcancem rapidamente as células
musculares, aumentando a oferta de energia. A ideia é que, assim, o aluno
aguente cargas maiores por mais tempo. Apesar de ter percebido esse efeito, o
administrador confessa que sentiu também reações adversas. “Senti formigamento
e insônia, mas agora meu organismo já acostumou e não sinto mais nada, só ficou
o efeito estimulante do produto”, relata.
A
nutricionista Vivian Ragasso explica que William “não sentir mais nada” se deve
ao fato de que o organismo acabou se viciando, uma consequência comum do uso do
produto, e os sintomas acabaram “maquiados”, dando a impressão de que
desapareceram.
Psicoestimulantes
e hormônios
Bruno
Gualano, coordenador adjunto do Laboratório de Nutrição e Metabolismo da Escola
de Educação Física da USP, explica que alguns pré-treinos e termogênicos afetam
os campos neurológico e hormonal. “Ambos têm aditivos psicoestimulantes, que
prometem oferecer disposição ao usuário e melhorar o rendimento dos exercícios
atuando diretamente no sistema nervoso central. Há ainda os que são capazes de
induzir a liberação de hormônios que ajudam a fortalecer os músculos, como a
testosterona, a insulina e o GH. Por atuarem em áreas de controle do organismo,
apresentam resultados mais rápidos”, comenta Gualano.
Mas é
justamente nesse mecanismo que reside o perigo maior. Agindo em áreas de
controle, essa classe de suplementos pode desregular funções do organismo e
provocar reações em cadeia. Psicoestimulantes agem diretamente no sistema
nervoso central, podem provocar taquicardia, hipertensão, aumento de
agressividade e cefaleia.
Já o
uso de hormônios desequilibra a produção natural do corpo, pois o organismo tem
um sistema inteligente próprio para manter as taxas hormonais estabilizadas.
“Se a pessoa ingere doses de um determinado hormônio, essa quantidade é somada
à que já é produzida. O organismo, então, entende que há uma desregulação no
processo natural e tenta equilibrar, produzindo mais hormônios contrários para
balancear”, explica Gualano.
Uma
consequência comum é o aparecimento de características de efeminação nos
usuários de hormônios masculinos. Como ocorre uma “sobrecarga” — geralmente de
testosterona –, o corpo, na tentativa de balancear, acaba produzindo mais
estrogênio (hormônio feminino). “Os homens podem apresentar aumento das mamas
(ginecomastia), impotência sexual, redução dos testículos e infertilidade. As
mulheres ficam com a voz mais grossa, têm aumento do clitóris e da quantidade
de pelos, queda de cabelo, desregulação da menstruação e, claro, ficam com o
físico masculinizado”, explica Gualano.
Na
época em que fazia uso de testosterona, o administrador William relata que
sentiu leve aumento das mamas. “Depois de algumas semanas, percebi que o mamilo
estava mais pontudo. Comigo aconteceu bem pouco, mas fiquei tranquilo porque é
comum ocorrer ginecomastia durante o ciclo, por isso optei por fazer TPC”,
relata. TPC é a “Terapia Pós Ciclo”, que engloba regime dietético e uso de
medicamentos (geralmente também hormonais) para atenuar efeitos colaterais.
A
nutricionista Vivian Ragasso acredita que essa terapia pode trazer graves
consequências. “É muito comum, principalmente no meio da medicina esportiva,
fazer uso de ciclos hormonais e, em seguida, prescrever a TPC. Porém, o método
pode levar a disfunções hepáticas e renais”. Atualmente, William não recorre
mais ao uso de hormônios para ganho de massa. “Não vejo mais a necessidade de
fazer TPC, consigo manter só com Whey, creatina e massa de carboidratos”,
afirma.
Suplementos
alimentares
Os
profissionais entrevistados para esta matéria advertem sobre o uso de
psicoestimulantes e hormônios, mas defendem o uso dos suplementos feito à base
de proteínas, carboidratos, aminoácidos e creatina, nutrientes essenciais para
o bom funcionamento do corpo e que não apresentam risco à saúde.
Diferentemente
dos psicoestimulantes, vasodilatadores e hormonais, essa classe de suplementos
tem como princípio complementar a alimentação quando ela deixa de fornecer a
quantidade suficiente desses nutrientes, o que pode acontecer quando se
praticam atividades físicas regulares. Além de suprir possíveis carências da
dieta, ainda apresentam bons resultados no ganho de massa muscular.
Mesmo
apoiando o uso, os profissionais ressaltam que eles são mais indicados para
grupos específicos, como atletas de alto nível, gestantes e pessoas desnutridas
ou vegetarianas. “Qualquer pessoa precisa recorrer às proteínas para fortalecer
os músculos. Porém, como é um componente de difícil absorção quando consumido in
natura, atletas com dois períodos de treino por dia podem lançar mão de
suplementos como a proteína isolada, que é absorvida mais rapidamente e,
consequentemente, promove recuperação muscular acelerada”, explica Ragasso.
Guarita
divide a mesma opinião de Ragasso e ressalta que o maior erro dos atletas de
academia é adotar o uso de suplementos sem seguir uma alimentação adequada. “Se
ele usa suplementos desse tipo, mas ingere muito carboidrato, terá acúmulo de componentes
energéticos no corpo, o que acaba sendo revertido em gordura corporal. Tem de
haver necessidade de suplementar, não somente a vontade de acelerar o processo
de ganhar massa”, explica.
Outros
tipos podem ter consequências específicas se houver uso desmedido, como inchaço
devido a retenção de líquidos (aminoácido creatina), aumento da produção de
gases intestinais (consequência do uso de quase todos os suplementos, mas
principalmente da albumina, proteína existente no ovo) e aparecimento de acne (comum
nos usuários de massa hipercalórica, rica em carboidratos).
Ainda
assim, é importante frisar que esses suplementos não são prejudiciais à saúde
por si só. É comum ouvir que tais produtos fazem mal ao fígado e aos rins, mas
ressalta: “As complicações só costumam aparecer nas pessoas que já têm
pré-disposição a doenças nesses órgãos, pois as substâncias essenciais desses
suplementos já são sintetizadas naturalmente pelo organismo. Caso contrário,
não há risco”.
Fácil
acesso
Atualmente,
é comum encontrar os enormes potes de suplementos à venda na internet, em
farmácias, lojas especializadas e supermercados. O problema não é a facilidade
com que se encontram os suplementos, e sim a falta de controle na hora da
venda. “Deveria ser necessário apresentar uma prescrição emitida por um
profissional para garantir que o acesso só fosse permitido após uma consulta”,
completa.
Muitos
atletas defendem o livre acesso apoiando-se no fato de que a oferta desses
produtos não sofre restrição nos EUA, onde a indústria de suplementos é enorme.
Além disso, muitos criticam a decisão da Anvisa afirmando que nunca sentiram ou
apresentaram os efeitos colaterais expostos pela vigilância sanitária
brasileira. Entretanto o diretor de Monitoramento e Controle Sanitário
da agência, José Agenor Álvares, defende a decisão: “no Brasil, a
avaliação é feita com base nos riscos e consequências que o consumo das
substâncias pode gerar à saúde das pessoas. Caso haja suspeita do malefício,
ela fica proibida até serem estudadas as reais consequências”.
Suplementos
mais comuns no mercado
PRÉ-TREINOS
O que
é: em sua composição há vasodilatadores que facilitam a
passagem de oxigênio e psicoestimulantes pelos vasos sanguíneos e faz com que
eles cheguem às células musculares mais depressa. Dessa forma, oferecem ao
usuário mais pique e força para fazer atividades físicas.
Quando
tomar: de 30 a 45 minutos antes
de começar a treinar.
Dosagem: varia de acordo com o fabricante.
Efeitos
colaterais: dependência, aumento da
resistência a estimulantes, ansiedade, arritmia, alteração da pressão arterial,
tremores, insônia, agressividade, sonolência e desânimo após o efeito
estimulante.
Excesso: São absorvidos pelo corpo, podendo agravar os
efeitos colaterais
Avaliação
do profissional: A primeira coisa a
ser levada em conta na hora de optar por pré-treinos com componentes psicoestimulantes
são os efeitos colaterais. Ragasso afirma que não confia no resultado dos
pré-treinos e recomenda que, ao invés de optar por eles, o atleta deve escolher
alimentos com a mesma funcionalidade. “Ingerir carboidratos de lenta absorção
como pães e frutas antes de treinar é uma boa tática, já que eles vão liberando
energia aos poucos. A cafeína também ajuda a dar ânimo e ainda tem ação
termogênica.
TERMOGÊNICOS
O que
é: são suplementos que ajudam a acelerar o metabolismo
e o processo de termogênese, que aumenta a temperatura do corpo e auxilia na
queima de gorduras.
Quando
tomar: o recomendado pela
maioria dos produtos é 1 cápsula de 15 a 60 minutos antes da
prática de atividade física, mas alguns sugerem 1 cápsula especificamente no
café da manhã e outra dali a 6h ou 8h.
Dosagem: de 1 a 3 cápsulas por dia. O produto só pode ser
usado, no máximo, por dois meses, depois é preciso fazer intervalo de 1 a 2
meses.
Efeitos
colaterais: pode causar
desidratação, arritmia, agressividade, insônia, cefaleia, falta de
concentração, enjoo, agitação.
Excesso: como são psicoestimulantes, não pode ser excedida a
dosagem padrão dentro de 24h, sob risco de acentuar os efeitos colaterais.
Avaliação
do profissional: Os termogênicos que
promovem queima de gordura possuem componentes proibidos e altamente nocivos,
como hormônios para controle da tireoide. Outros simplesmente não funcionam.
Para ela, o ideal é utilizar alimentos e bebidas que auxiliam a termogênese,
como vegetais fibrosos (brócolis, acelga, couve), laranja, kiwi, óleo de coco,
peixe, café, ou até mesmo um copo de água. Por serem estimulantes, levam o
usuário a fazer mais exercícios, o que promove gasto energético maior, dá mais
fome e, consequentemente, faze comer mais. Já alimentos e bebidas têm esse
efeito suavizado, por isso são mais indicados. Assim como Guarita, Bruno
Gualano e Vivian Ragasso são contrários ao uso de termogênicos sintéticos:
ambos afirmam que o produto não tem efeito.
AMINOÁCIDOS
O que
é: conjuntos de aminoácidos formam as proteínas,
principais constituintes das fibras musculares. Apesar de o corpo produzi-los,
é importante fazer suplementação caso sejam feitos exercícios aeróbicos
intensos, uma vez que os níveis de glutamina (o aminoácido mais conhecido) caem
durante o treinamento. A falta desse aminoácido pode causar perda de massa
muscular (catabolismo) e enfraquecimento do sistema imunológico, pois se o
organismo não dispuser de energia suficiente para realizar a atividade física,
passa a usar aminoácidos dos músculos para suprir a demanda.
Quando
tomar: 15 minutos antes
do treino e o quanto antes depois do treino.
Dosagem: cada dose deve ter de 4g a 8g.
Efeitos
colaterais: constipação e
flatulências. Quem apresenta problemas renais e no fígado não pode fazer uso de
glutamina, uma vez que ela pode agravar o quadro.
Avaliação
do profissional: “os aminoácidos
têm papel importante no metabolismo das proteínas e pode ajudar na reconstrução
muscular”. O BCAA, um dos mais conhecidos suplementos dessa categoria tem
resultados excelentes na proteção muscular.
PROTEÍNAS
Se
determinado músculo está sendo constantemente exercitado, o corpo naturalmente
aumenta o aporte de proteínas para ele, deixando-o mais forte e torneado. O
princípio dos suplementos proteicos é fornecer a matéria-prima desse processo e
permitir a produção de fibras musculares.
a) Whey
Protein:
O que
é: Whey Protein é a proteína presente
no leite e o suplemento mais usado nas academias. Como é de fácil absorção,
promove rápida reconstrução muscular e é ideal para atletas de alto nível.
Quando
tomar: o quanto antes depois do
treino, período em que o efeito de reconstrução e fortalecimento muscular é
mais intenso. Se for ingerido antes, o Whey não terá o mesmo efeito e ainda
pode levar ao acúmulo de gordura.
Dosagem: para quem pratica exercícios moderados, o indicado é de
1,2g a 1,8g por quilo corporal. Já os atletas de alto nível devem consumir em
torno de 2,4g por quilo corporal. Geralmente, o pó deve ser batido com 200ml a
300ml de água ou leite desnatado.
Excesso: é excretado nas fezes. Caso não se siga uma dieta
balanceada, pode contribuir para o acúmulo de gordura.
Efeitos
colaterais: pode engordar se não for
ingerida a dosagem correta ou se o uso não for acompanhado de uma dieta
equilibrada. Em algumas pessoas pode provocar gases.
Avaliação
do profissional: nenhum dos
profissionais citados acima se opõe à suplementação à base de proteína, com a
ressalva de que um nutricionista deve ser consultado antes. O uso mesmo por
pessoas que não tenham deficiência proteica, pode trazer bons resultados, desde
que se siga uma alimentação balanceada.
b) Albumina
O que
é: é uma proteína de fácil absorção proveniente do
ovo, com a mesma função das outras: promover ganho de massa muscular.
Quando
tomar: o quanto antes após os
treinos, período em que a absorção proteica é mais eficiente.
Dosagem: de 14g a 20g, misturados com 200ml a 300ml de
água ou leite desnatado.
Excesso: como qualquer proteína, o excesso é excretado nas fezes
ou acumulado como gordura.
Efeitos
colaterais: desconforto
gastrointestinal e flatulência.
Avaliação
do profissional: A albumina é uma
boa saída para atletas que precisam de suplementação mas não têm recursos
suficientes para usar regularmente o Whey Protein. “Apesar de barata, a
albumina traz algumas consequências indesejadas, como o aumento de flatulências
com odor forte. Fora isso, é tão boa quanto o Whey”.
CREATINA
O que
é: é um ácido encontrado naturalmente no organismo e
que ajuda a fornecer a forma de energia mais usada pelo corpo: o ATP. Quando há
contração muscular, a molécula de ATP passa por um processo chamado hidrólise e
libera fosfatos, que fornecem a energia necessária para o movimento. Ao final
de aproximadamente dez segundos, essa energia é consumida e é necessário mais
ATP para novas contrações. Suprir essa demanda é a função do fosfato presente
na creatina.
Quando
tomar: o melhor momento é
depois do treino. Se for em pó, pode ser misturada com o Whey
Protein.
Dosagem: de 2g a 5g por dia de treino.
Excesso: não há estudos que esclareçam os efeitos do excesso de creatina.
Efeitos
colaterais:retenção de líquido.
Avaliação
dos profissionais: O uso da creatina
reforçando que o suplemento auxilia no fortalecimento dos músculos e não traz
risco à saúde. Vivian Ragasso lembra que o produto promove ganho de massa
magra, mas é importante ficar atento para não confundir o fortalecimento das
fibras musculares com a retenção de líquido, que pode deixar o corpo inchado.
CARBOIDRATOS
São os
combustíveis do organismo. Muitos atletas de alto nível precisam usar
suplementos à base de carboidratos para suprir necessidades energéticas. São
indicados também para que pessoas com massa muscular abaixo do normal alcancem
o padrão para seu peso, altura e idade.
Maltodextrina
e Dextrose
O que
é: é um carboidrato de absorção lenta, extraído do
amido de milho. Possui alto índice glicêmico, ou seja, promove elevação do
nível de glicose no sangue, fornecendo energia. Para controlar a quantidade de
açúcar, o organismo produz insulina, que auxilia na síntese de proteínas, o que
acaba contribuindo para a reconstrução muscular. Além disso, atua no transporte
de nutrientes para dentro das células, sejam proteínas, creatina ou glutaminas.
Quando
tomar: deve ser tomado o quanto antes
após a atividade física.
Dosagem: de 30g a 40g dissolvidos em 300ml de água. Pode-se
misturar com o Whey Protein.
Excesso: se não for acompanhado de alimentação balanceada,
pode engordar.
Efeitos
colaterais: não existem
estudos que descrevam os efeitos colaterais, mas há relatos de surgimento de
acne.
Avaliação
do profissional: Os suplementos à
base de carboidratos são importantes para esportistas que precisam de muita
energia e para auxiliar no ganho de massa muscular. Além disso, a nutricionista
lembra que, apesar de o carboidrato ter função de combustível, o melhor momento
para ingeri-lo é após os treinos. “Os carboidratos de alto índice glicêmico
auxiliam na recuperação da energia consumida nos exercícios. Se essa energia
não estiver disponível, o organismo vai buscá-la nas proteínas, que acabam
tendo de dividir sua função de reconstrução muscular e têm sua eficiência
reduzida”.
SUPLEMENTOS
HORMONAIS
O que
é: estimulam a produção de hormônios.
Só devem ser usados mediante prescrição médica. Auxiliam no ganho acelerado de
massa muscular, já que são altamente anabólicos (fase do
metabolismo em que há síntese acelerada de moléculas complexas, como as que
formam as proteínas). Entretanto, podem trazer inúmeras consequências.
Quando
tomar: mediante prescrição.
Dosagem: varia de acordo com o tipo de hormônio, indo desde 25mg a
400mg por dia.
Excesso: são absorvidos pelo corpo e intensificam as reações
adversas.
Efeitos
colaterais: podem causar
infertilidade, disfunção hepática e renal. Em mulheres pode haver aumento da
quantidade de pelos e do clitóris, desregulação do ciclo menstrual,
engrossamento das cordas vocais e calvície. Em homens, aumento das mamas,
impotência sexual e hipogonadismo.
Avaliação
do profissional: os profissionais citados
acima são contrários ao uso de hormônios, uma vez que a suplementação hormonal
para pessoas saudáveis pode causar desregulação na fabricação natural e
ocasionar problemas graves
HORMÕNIO DO CRESCIMENTO
O hormônio do
crescimento é produzido pela hipófise, glândula pequena como um grão de feijão,
localizada na parte inferior do cérebro. Como o nome diz, esse hormônio é
absolutamente essencial para proporcionar o crescimento físico e a deficiência
em sua produção é responsável pelos casos de nanismo, isto é, pela estatura
muito baixa de algumas pessoas.
Produzido em excesso,
provoca acromegalia, ou seja, crescimento exagerado dos pés, das mãos, das
orelhas e nariz.
Entre as décadas de 1960 e 1980, o hormônio do crescimento era obtido a partir da hipófise de cadáveres, método que limitava muito sua utilização. No entanto, o desenvolvimento da tecnologia do DNA recombinante tornou possível introduzir o gene do hormônio do crescimento humano em bactérias a fim de que elas produzissem esse hormônio. Em outras palavras: a introdução do gene do hormônio do crescimento humano em bactérias fez delas escravas obrigadas a produzi-lo em quantidades ilimitadas, o que possibilita sua utilização numa série de situações clínicas diferentes.
Entre as décadas de 1960 e 1980, o hormônio do crescimento era obtido a partir da hipófise de cadáveres, método que limitava muito sua utilização. No entanto, o desenvolvimento da tecnologia do DNA recombinante tornou possível introduzir o gene do hormônio do crescimento humano em bactérias a fim de que elas produzissem esse hormônio. Em outras palavras: a introdução do gene do hormônio do crescimento humano em bactérias fez delas escravas obrigadas a produzi-lo em quantidades ilimitadas, o que possibilita sua utilização numa série de situações clínicas diferentes.
ENTREVISTA
Feita pelo Marcello Bronstein para o médico
Drauzio Varella
FISIOLOGIA
Drauzio – Qual é a fisiologia do hormônio do crescimento?
Marcello Bronstein – O hormônio do crescimento, ou GH
(Growth Hormone), é produzido pela hipófise. Ao contrário de outros hormônios
produzidos pela hipófise que costumam regular o funcionamento de glândulas,
como as suprarrenais, os testículos e os ovários , o hormônio do crescimento
age no organismo como um todo, promovendo não só o crescimento longitudinal,
mas o das células em geral.
Ele faz isso valendo-se de um intermediário,
chamado somatomedina C ou IGF-1, produzido principalmente no fígado, mas também
pelas células ósseas e musculares, por exemplo. Essa dupla GH e IGF –1 promove
grande parte do anabolismo do corpo, ou seja, é fundamental para o crescimento
e desenvolvimento de todos os tecidos.
Embora o GH possa ser encontrado em algumas células de mamíferos, as quantidades obtidas são pequenas e o preço final, muito alto. Atualmente, o GH costuma ser produzido em bactérias, geralmente, na Escherichia coli.
Embora o GH possa ser encontrado em algumas células de mamíferos, as quantidades obtidas são pequenas e o preço final, muito alto. Atualmente, o GH costuma ser produzido em bactérias, geralmente, na Escherichia coli.
DEFICIÊNCIA NAS CRIANÇAS
Drauzio – O que acontece com a criança
com deficiência na produção do GH?
Marcello Bronstein - Problemas genéticos, traumas de parto
ou radiação por causa de tumores na região da hipófise podem resultar na falta
de hormônio do crescimento e, consequente, na falta de produção do IGF-1,
prejudicando o desenvolvimento físico da criança. A deficiência desses
hormônios fará dela uma anãzinha, portadora de nanismo, com altura final entre
um metro, 1,20m ou 1,30m, no máximo
Drauzio – O crescimento de todos os
órgãos dessas crianças também é proporcionalmente menor?
Marcello Bronstein – Nessas crianças, o nanismo é
harmônico. Elas são proporcionais, diferentes do anão acondroplásico, que tem
tronco normal, mas membros curtos e arqueados. Neste caso, não há deficiência
de hormônio de crescimento. O problema está nas cartilagens dos braços e das
pernas.
Drauzio – Se prescrevermos hormônio do
crescimento para um anão harmônico, menino ainda, seu desenvolvimento será
normal?
Marcello Bronstein – Dependerá da fase em que o
diagnóstico for feito. Quanto mais cedo for, melhores serão os resultados.
Drauzio – Essas crianças nascem com tamanho normal?
Marcello Bronstein – Podem nascer ou não. Depende da causa
que vai levar à deficiência na produção do GH. De qualquer modo, a alteração no
crescimento pode ser percebida muito cedo. Os pais podem notá-la comparando o
filho com as outras crianças e, obviamente, levando-o ao pediatra. Ele irá
constatar que a velocidade do crescimento e a estatura da criança estão aquém
do considerado normal para a população infantil na mesma faixa de idade.
Drauzio – Crianças com deficiência de GH
devem ser tratadas por quanto tempo?
Marcello Bronstein – Depois que a engenharia genética
tornou disponível o hormônio de crescimento recombinante, essas crianças são
tratadas até fecharem as cartilagens de conjugação, o que se dá por volta dos
16 anos nos meninos e por volta dos 14, 15 nas meninas, ou são tratadas até
atingirem uma estatura adequada. Na verdade, quando o GH era obtido em
quantidades pequenas a partir da hipófise de cadáveres, em geral, as meninas
recebiam o hormônio até os doze anos e os rapazes, até os treze.
DIAGNÓSTICO
Drauzio – Quando
a criança não cresce é fácil diagnosticar a falta do hormônio do crescimento.
Mais tarde, porém, esse conjunto tão variável de ações que ele desempenha no
organismo deve dificultar o diagnóstico.
Marcello Bronstein – A forma mais simples é fazer a dosagem
do IGF-1, o representante do hormônio do crescimento. Como ele depende do GH
para ser produzido, se o nível do IGF-1 estiver baixo, é sinal de falta do
hormônio do crescimento e, se estiver elevado, de que ele existe em excesso.
Entretanto, a dosagem do IGF-1 permite fazer o diagnóstico apenas em 50% dos casos. Por isso, muitas vezes, precisamos provocar sua liberação no sangue através de um estímulo farmacológico para diagnosticar a deficiência do hormônio do crescimento.
Entretanto, a dosagem do IGF-1 permite fazer o diagnóstico apenas em 50% dos casos. Por isso, muitas vezes, precisamos provocar sua liberação no sangue através de um estímulo farmacológico para diagnosticar a deficiência do hormônio do crescimento.
Drauzio – Então,
eu poderia dizer o seguinte: se o exame de sangue revelar que o IGF-1 está
baixo ou alto, é possível fazer o diagnóstico de deficiência ou excesso de
produção do hormônio do crescimento. Quando ele está normal e há a desconfiança
de que haja alguma alteração, é necessário fazer outro teste.
Marcello Bronstein – Isso mesmo. Lembrando que a hipófise
produz vários outros hormônios e que, normalmente, o GH é o primeiro a
apresentar comprometimento na sua produção, quando existe um tumor ou um
trauma, por exemplo. Mais tarde, surgirão também alterações na produção de
outros hormônios, dado importante para complementar o diagnóstico.
Drauzio – Qual é o inconveniente do excesso de hormônio de crescimento no
organismo?
Marcello Bronstein – Excesso de hormônio de crescimento provoca
aumento da massa magra, ou seja, dos músculos, e diminuição da massa gordurosa.
Esse aumento da musculatura, porém, acarreta um aumento de força/transitório.
Além disso, o excesso desse hormônio provoca deformações no corpo, tais como protusão da fronte, aumento do nariz e dos lábios, das mãos e dos pés. Os anéis ficam pequenos, e o indivíduo é obrigado a usar calçados dois ou três números maiores. Esse quadro é chamado de acromegalia (acro quer dizer extremidade e megalia, aumento).
Além disso, o excesso desse hormônio provoca deformações no corpo, tais como protusão da fronte, aumento do nariz e dos lábios, das mãos e dos pés. Os anéis ficam pequenos, e o indivíduo é obrigado a usar calçados dois ou três números maiores. Esse quadro é chamado de acromegalia (acro quer dizer extremidade e megalia, aumento).
APLICAÇÕES NA MEDICINA
Drauzio – Além da aplicação precisa do hormônio do crescimento para fazer crescer crianças com nanismo, existem outras baseadas na propriedade que ele tem de construir tecidos.
Drauzio – Além da aplicação precisa do hormônio do crescimento para fazer crescer crianças com nanismo, existem outras baseadas na propriedade que ele tem de construir tecidos.
Marcello Bronstein – A possibilidade de o GH recombinante
ser produzido em quantidade ilimitada, estimulou a realização de pesquisas que
apontaram condições de uso ligadas ou não à deficiência em sua produção.
Nos últimos vinte anos, verificou-se que ele é fundamental não apenas para as crianças, mas para dar continuidade ao processo de construção do organismo dos adultos.
Adultos com deficiência desse hormônio adquirida, por exemplo, por trauma de crânio, cirurgia na hipófise ou por radiação, apresentam a síndrome da deficiência do GH, caracterizada não pela falta de crescimento, porque eles já atingiram a altura total, mas por uma somatória de outras características que podem orientar o diagnóstico. São eles: aumento da massa gordurosa e diminuição da massa magra, isto é, dos músculos, tendência à descalcificação dos ossos, aumento do colesterol e dos triglicérides, tendência à síndrome metabólica e consequentemente, intolerância à glicose e aparecimento de diabetes.
Nos últimos vinte anos, verificou-se que ele é fundamental não apenas para as crianças, mas para dar continuidade ao processo de construção do organismo dos adultos.
Adultos com deficiência desse hormônio adquirida, por exemplo, por trauma de crânio, cirurgia na hipófise ou por radiação, apresentam a síndrome da deficiência do GH, caracterizada não pela falta de crescimento, porque eles já atingiram a altura total, mas por uma somatória de outras características que podem orientar o diagnóstico. São eles: aumento da massa gordurosa e diminuição da massa magra, isto é, dos músculos, tendência à descalcificação dos ossos, aumento do colesterol e dos triglicérides, tendência à síndrome metabólica e consequentemente, intolerância à glicose e aparecimento de diabetes.
Drauzio – Você poderia lembrar o que é
síndrome metabólica?
Marcello Bronstein – A síndrome metabólica ou síndrome X é
caracterizada por hipertensão arterial, glicose discretamente aumentada no
sangue, alterações nos níveis de triglicérides e de colesterol e acúmulo de
gordura no abdômen.
A obesidade abdominal é característica importante da síndrome metabólica, em função da qual ocorrem alterações no metabolismo dos açúcares e das gorduras. O curioso é que doses altas do hormônio do crescimento aumentam o nível de glicose no sangue e a deficiência em sua produção pode levar à intolerância à glicose ou mesmo ao diabetes.
A obesidade abdominal é característica importante da síndrome metabólica, em função da qual ocorrem alterações no metabolismo dos açúcares e das gorduras. O curioso é que doses altas do hormônio do crescimento aumentam o nível de glicose no sangue e a deficiência em sua produção pode levar à intolerância à glicose ou mesmo ao diabetes.
Alguns estudiosos do assunto – e eu acredito também nisso – defendem que o GH é fundamental para o bem-estar psicológico. Adultos com deficiência na sua produção têm o que se chama genericamente de diminuição de energia e apresentam tendência à depressão. Um estudo que fizemos a respeito da reposição desse hormônio em adultos com deficiência em sua produção deixou claro que ele ajuda a restaurar as proporções adequadas dos músculos e de gordura, melhora a calcificação dos ossos e nitidamente favorece o bem-estar psicológico em muitos deles.
Em vista disso, crianças com deficiência de GH na infância e que, na maior parte dos casos, vão continuar apresentando essa deficiência, devem retomar o tratamento, quando atingirem a adolescência e a idade adulta.
Drauzio – A variedade de ações
fisiológicas e a maior disponibilidade pela produção do DNA recombinante
fizeram com que o GH encontrasse muitas aplicações na medicina, além de fazer a
criança crescer. Quais são as mais importantes?
Marcello Bronstein – Existe uma gama variada de boas
indicações para o hormônio do crescimento. Atualmente, não no Brasil, mas em
outros países, seu uso já foi aprovado para crianças com baixa estatura
constitucional, ou seja, para crianças que não têm propriamente deficiência na
produção do hormônio, mas que têm previsão de estatura final muito baixa,
porque a ação do GH não é eficiente.
Sua indicação também pode ser útil na síndrome de Turner, uma doença cromossômica que leva não à deficiência do hormônio, mas à falta de crescimento; nos casos de insuficiência renal e em queimados com destruição importante de tecidos, porque o hormônio do crescimento é anabolizante. Ele pode beneficiar, também, portadores de HIV com AIDS já instalada e crianças com baixo peso ao nascer, ou seja, crianças pequenas para a idade gestacional.
ENVELHECIMENTO
Drauzio – Há alguns anos a imprensa leiga falou muito da aplicação do
hormônio do crescimento na geriatria para retardar o envelhecimento. Existe
fundamento científico para essa afirmação?
Marcello Bronstein – Sabe-se que a produção do hormônio do
crescimento e do IGF-1 é reduzida com a idade. Em homens com mais de 60 anos,
ela chega a ser quase nula.
Em 1990, foi publicado um trabalho no New England Journal of Medicine, conceituada revista médica, sobre um estudo realizado durante seis meses com homens normais acima de 60 anos, sem qualquer deficiência na produção de GH nem problema algum na hipófise. Esse estudo pioneiro revelou que houve aumento da massa muscular, diminuição da massa gordurosa e, em alguns casos, fortalecimento dos ossos. Infelizmente, capas de revistas conceituadas, como Life e Times, veicularam a ifeia de que o GH funcionava como a fonte da juventude tão procurada por Ponce de Leon. A partir daí, disseminou-se o uso seja do hormônio do crescimento, seja dos engodos que são vendidos nos balcões das farmácias americanas livremente. Na Internet, então, pode-se encontrar uma teia de produtos que dizem ter efeito similar ao do hormônio do crescimento.
Ora, tanto o uso abusivo do verdadeiro quanto dos falsos hormônios do crescimento são contra-indicados no envelhecimento, porque se sabe que as doses utilizadas para alcançar algum efeito podem provocar efeitos colaterais adversos, entre eles a acromegalia.
Em 1990, foi publicado um trabalho no New England Journal of Medicine, conceituada revista médica, sobre um estudo realizado durante seis meses com homens normais acima de 60 anos, sem qualquer deficiência na produção de GH nem problema algum na hipófise. Esse estudo pioneiro revelou que houve aumento da massa muscular, diminuição da massa gordurosa e, em alguns casos, fortalecimento dos ossos. Infelizmente, capas de revistas conceituadas, como Life e Times, veicularam a ifeia de que o GH funcionava como a fonte da juventude tão procurada por Ponce de Leon. A partir daí, disseminou-se o uso seja do hormônio do crescimento, seja dos engodos que são vendidos nos balcões das farmácias americanas livremente. Na Internet, então, pode-se encontrar uma teia de produtos que dizem ter efeito similar ao do hormônio do crescimento.
Ora, tanto o uso abusivo do verdadeiro quanto dos falsos hormônios do crescimento são contra-indicados no envelhecimento, porque se sabe que as doses utilizadas para alcançar algum efeito podem provocar efeitos colaterais adversos, entre eles a acromegalia.
Drauzio – Mesmo em pessoas de mais idade?
Marcello Bronstein – Mesmo nas pessoas de mais idade, se a
dose for generosa e doses pequenas podem não produzir resultado algum. Por
outro lado, está claro e bem estabelecido que, embora possa aumentar a massa
muscular, o GH não aumenta a força muscular mais do que aumentaria um bom
exercício físico. Por isso, não é racional prescrever hormônio do crescimento
para o idoso. Se ele tiver condições de locomover-se e exercitar-se ganhará
muito mais fazendo exercícios e tendo boa alimentação.
Existe, porém, um subgrupo de idosos depauperados, catabólicos, que sofreram cirurgias grandes ou estão em cadeiras de rodas, que podem beneficiar-se do uso bem orientado e controlado do hormônio do crescimento.
Existe, porém, um subgrupo de idosos depauperados, catabólicos, que sofreram cirurgias grandes ou estão em cadeiras de rodas, que podem beneficiar-se do uso bem orientado e controlado do hormônio do crescimento.
USO NAS ACADEMIAS
Drauzio – O aumento da massa muscular
produzido pelo hormônio do crescimento tem levado ao uso abusivo nas academias
por gente interessada em ficar musculosa.
Marcello Bronstein – Esse abuso não tem nenhuma razão de
ser. Se para idosos em determinadas condições indica-se a reposição do hormônio
do crescimento, para os atletas essa indicação não existe, a não ser nos casos
raros de hipopituitarismo em que existe deficiência de GH.
Aliás, se um atleta ou uma pessoa jovem, normal, receberem uma quantidade fisiológica de hormônio de crescimento, a hipófise vai parar de produzi-lo, uma vez que ela funciona como um reostato de geladeira. Esfriou demais, o motor desliga e só volta a ligar quando a temperatura subir novamente. Assim, ao receber uma injeção de GH, o organismo dessas pessoas não reconhece se a substância foi produzida por ele mesmo ou se veio de fora e avisa a hipófise para suspender a produção.
Aliás, se um atleta ou uma pessoa jovem, normal, receberem uma quantidade fisiológica de hormônio de crescimento, a hipófise vai parar de produzi-lo, uma vez que ela funciona como um reostato de geladeira. Esfriou demais, o motor desliga e só volta a ligar quando a temperatura subir novamente. Assim, ao receber uma injeção de GH, o organismo dessas pessoas não reconhece se a substância foi produzida por ele mesmo ou se veio de fora e avisa a hipófise para suspender a produção.
Como
se vê, não há vantagem alguma em tomar o hormônio. Há as desvantagens trazidas
pelo custo da injeção e pelos efeitos indesejáveis.
Drauzio – Quando a pessoa para de tomar o hormônio, a hipófise volta a
produzi-lo normalmente?
Marcello Bronstein – Sempre. Não há razão para imaginar-se
que não faça.
Drauzio – O problema maior é que esses jovens não se contentam com doses
fisiológicas do hormônio.
Marcello Bronstein – Eles tomam doses suprafisiológicas,
ou seja, muito acima da necessidade do organismo e desenvolvem acromegalia.
Recentemente, atendi uma jovem bastante bonita que estava começando a
apresentar traços faciais mais rudes, mãos e pés inchados depois de ter tomado
hormônio do crescimento por indicação do seu personal trainer. A
dosagem do IGF-1 revelou que havia excesso de GH em seu organismo. Ora, nível
excessivo desse hormônio não só desfigura a fisionomia e aumenta as
extremidades, mas leva com frequência ao diabetes, à hipertensão arterial.
Também não está descartada sua participação em alguns tipos de câncer, por
exemplo, no câncer de cólon. Se pensarmos no idoso, que está mais propenso ao
câncer, o IGF-1, que é fator de proliferação de células, pode agravar esse
processo.
Drauzio – Não se pode descartar que o excesso de hormônio de crescimento
pode provocar a instalação de doenças crônicas, das quais as pessoas não se
livrarão facilmente?
Marcello Bronstein – Pode provocar. Se parar de usá-lo, a
pessoa pode melhorar, mas uma vez estabelecido o problema, as consequências
serão sempre nefastas. Por isso, chamo a atenção para o fato absolutamente
ilógico e irracional que está acontecendo nas academias e que precisa ser
coibido com o máximo de energia.
Drauzio – Como os jovens ou seus personnal trainers conseguem o hormônio?
Marcello Bronstein – Essa é uma pergunta que não sei
responder. O GH deveria ser vendido mediante a apresentação de receita médica,
mas não sei se elas são exigidas em algum momento. Por isso, volto a alertar os
jovens sobre o perigo que o hormônio do crescimento pode representar. Embora já
tenha sido usado em competições internacionais (existe até um antidoping
específico para ele) com o argumento de que pode aumentar a massa muscular a
curto prazo, não está demonstrado que esse efeito se traduza em aumento da
força muscular.
Drauzio – O
problema é que a maioria dos meninos e meninas que toma esse hormônio não está
interessada na força muscular e ,sim, na aparência física.
Marcello Bronstein – É verdade, mas eles precisam
entender que da fase em que estarão bem moldados, bem sarados, podem evoluir
para uma fase de deformação definitiva.
Drauzio – O aumento exagerado das extremidades regride quando o jovem para
de tomar o hormônio?
Marcello Bronstein – Parcialmente. As partes moles tendem
a voltar ao normal, mas como existe aumento também das cartilagens e dos ossos,
muitas vezes, o usuário não volta à situação anterior de forma completa. Quando
tratamos um acromegálico, seja por cirurgia, seja com medicamentos, há uma
certa regressão do quadro. O sapato diminui de tamanho, o anel volta a entrar
no dedo, embora fique um pouco apertado, porque a reversão do problema nunca é
total.
OS RISCOS DOS ANABOLIZANTES
NAS MULHERES
Irregularidade
na menstruação, alargamento das cordas vocais, o que deixa a voz mais grave,
aparecimento de muitos pelos, atrofia das mamas e hipertrofia do clitóris.
NOS HOMENS
NOS HOMENS
Aumento
das mamas, atrofia dos testículos, comprometendo a produção de espermatozoides,
hipertrofia da próstata, o que pode provocar câncer nessa glândula, e
impotência.
EM AMBOS OS SEXOS
EM AMBOS OS SEXOS
Aumento
da agressividade, flutuação de humor, depressão, paranoia, aumento do LDL, o
colesterol ruim, e redução do HDL, o colesterol bom, hipertensão, acne, dores
de cabeça, queda de cabelo, infarto, tumores no fígado e até mesmo risco de
morte súbita.
Lembre-se
então se quiser fazer uso de qualquer uma das substancias acima procure
orientação de um profissional especialista no assunto para não colocar sua
saúde em risco
PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Orientam
nos exercícios mais adequados para você
PROFISSIONAIS DE NUTRIÇÃO
Orientam
a organização de sua dieta (alimentos ou suplementos)
PROFISSIONAIS DE MEDICINA
Orientam
o uso de algum medicamento
VENDEDORES DAS LOJAS
Não podem fazer orientações sobre o que você deve tomar
SUPLEMENTOS
ResponderExcluir